quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
Ímpeto!
Se você já leu dicas em inglês sobre movimentação já deve ter se deparado com a palavra “momentum”. Não vou negar: nunca compreendi direito o sentido dessa palavra e muito menos o que ela na prática significa. Desde a época da ginástica eu tentava achar um termo brasileiro que traduzisse a intenção dela e não conseguia.
Recentemente, enquanto estudava minha própria movimentação, a resposta simplesmente brotou do nada: ímpeto. Uma palavra tão pouco utilizada, marginalizada em nosso vocabulário, e que é responsável pela fluência perfeita almejada pelos praticantes de Parkour.
Explico. Se a fluência é o objetivo do tracer, o ímpeto é a força que atua alimentando o seu flow. É um pouco complicado de entender. Demorei um tempo até que ficasse claro em minha cabeça, mas acho que usando o Super Mario eu exemplifico melhor:
Lembra de uma fase onde o chão é coberto por tartarugas de espinho que aquele sol maldito fica jogando de cima da nuvem? Mario não é capaz de matá-las pulando em cima e nem pode tocá-las sem morrer. Então a fase traz pontos específicos onde uma estrela cai do céu e te dá imunidade contra as tratarugas. Para passar, você pega a primeira estrela, corre que nem o cabrunco, atropela todas as desgraçadas, e tem que pegar a próxima estrela antes do efeito da anterior acabar. Se demorar, hesitar, ou pensar duas vezes, não dá tempo e o poder de invencibilidade acaba. Uma corrente que deve ser mantida a todo custo.
Outro exemplo:
Tente se imaginar por um segundo durante uma corrida de 100 metros rasos. Você tem cada passo garantido (ou é idiota de errar o chão?) e por isso é capaz de imprimir em sua movimentação o máximo de explosão que o seu corpo pode ceder a ela. Cada músculo é ativado com o propósito de te impulsionar a frente. Seus pés trabalham em uníssono com o objetivo de te jogar adiante. Sua mente tem o foco de te fazer alcançar a linha de chegada no menor tempo.
BINGO!
Isso é o ímpeto!
Isso é o momentum!
Algo que me ajudou muito a entender esse conceito foi o treino de passadas (passos largos em corrimãos, muros...). Antes eu corria em direção ao obstáculo e já realizava a primeira passada travando a velocidade com o músculo da coxa. O medo de errar o local do pé fazia com que meu próprio corpo lutasse contra a movimentação planejada. Em condições como essa, onde você se torna seu obstáculo, o sucesso é muitas vezes comprometido.
Eu não sei definir se o bloqueio do ímpeto é algo mais físico ou mental. O que já sei é que o menor pensamento de falha, a menor negatividade que eu tiver, ou o milésimo de segundo de hesitação que manifestar, refletirá na forma como meu corpo irá se movimentar.
Tenho obtido bons resultados em “liberar o meu ímpeto” através de treinos de manutenção de velocidade: ultrapassar obstáculos de modo a conservar ou aumentar a velocidade, e evitando, ao máximo, reduções de marcha. Com isso tenho conseguido até eliminar aqueles passinhos irritantes que às vezes fazemos para consertar a perna que iniciará determinada movimentação. Se você treina seu ímpeto você fica pronto pra agir da forma que seu corpo se encontrar. Detalhes se tornam apenas detalhes e não mais os responsáveis pelo seu acerto.
Desenvolva um senso critico de movimentação. Analise fisicamente e cruelmente a movimentação de outras pessoas. Ache os “erros” que elas cometem durante seus percursos e imagine o que deveriam ter feito para melhorá-lo. Ultimamente eu gasto muito tempo observando meus parceiros de treino e apontando para eles o motivo de “não estar indo muito longe”, “não conseguir alcançar determinado lugar”, “travar o flow”... É como tocar uma ferida com o dedo. E, em sua maioria das vezes, a resposta que tenho como retorno é “eu nunca tinha parado pra pensar nisso”.
Pois pense! Grave seus próprios percursos e analise-os da mesma forma clínica e cruel. Se não achar a solução do problema, não se desespere. Compare sua movimentação com a de alguem que atinge o objetivo que você pretende alcançar.
Sei que é óbvio, mas eu no momento enxergo melhor que o que diferencia o meu êxito do meu fracasso são os erros e vícios que eu mesmo criei. O corpo é meu e a culpa é minha. Se aprender a achar esses meus erros e tiver a atitude coerente para consertá-los... E o limite? Onde está o limite?
Desculpa! Não resisti! É que criar frases de impacto é a nova moda!
HUAHUAHUAHUAHUAHUAHUAHUHUA
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