segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Viagem de Férias (Parte 1) - Salvador

Salvador foi o ponto de partida da minha viagem e também a cidade em que passei menos tempo. Para poder baratear os custos, optei por ir de ônibus e de lá tomar o avião até São Paulo. Na verdade essa é uma dica que dou para todos: procurem sempre maneiras de sair de aeroportos internacionais, pois normalmente as tarifas são bem mais em conta. No meu caso a viagem completa (ida + volta) custaria cerca de 800 reais saindo de Aracaju. Feito com essa escala, o preço caiu para 280 + 50 reais pro trecho de ônibus entre Aracaju-Salvador. Uma economia de 420 reais (Gente, eu viajo muito mas eu sou pobre! Tenho que contar os centavos!).

Como iria fazer somente uma ponte, não tive tempo de treinar. Quer dizer, não de “treinar” no sentido pesado da palavra, mas antes de encontrar com a Ana e o Fallux eu cedi ao desejo de fazer um ou outro movimento isolado pra matar a saudade do Costa Azul (um dos melhores picos da cidade).

Depois de procurar a casa de Fallux por uns 20 minutos (com 28 kg de bagagem), resolvi pedir socorro e ligar pro pessoal. Meus anfitriões me resgataram de imediato (diferente do que eu fiz toda vez que eles precisaram de mim aqui em Aracaju HAHUHAHUAHUAUHAUHA Sorry guys! I am a fool, but I love yool!).

Esses dois são amuletos que carrego em minha jornada no Parkour. São pessoas que eu posso conversar abertamente sobre assuntos um pouco mais sérios e que sempre possuem uma opinião bastante interessante para fornecer. Obviamente, nem sempre elas casam com a minha, mas sempre que isso acontece conseguimos dialogar bastante e achar meios termos para resolver problemas e concatenar idéias. A conversa da noite se ambientou basicamente no futuro da ABPK e no meu posicionamento pessoal a respeito do Art of Motion. Mal sabia eu que esses seriam os dois assuntos mais importantes dos meus próximos dias.

Engraçado como eles não têm pudores em vir de voadora na minha cara! UHAUHAHUAHU Às vezes tenho que sentar, respirar e queimar as pestanas para que minhas idéias saiam da minha boca de forma clara porque os dois são bastante detalhistas e críticos.

Foi um pouco tempo que me preparou para todos os longos processos de reuniões (e foram vários!) que eu tive oportunidade de participar. Fui escoltado por eles até o ponto de ônibus e cheguei ao aeroporto com folga.

Deu tempo de refletir bastante sobre como a postura de pessoas formadoras de opinião podem manipular ou modificar a forma como um determinado grupo se manifesta. Discutir sobre isso me serviu de alerta (e como um puxão de orelha) para que eu aprenda a sempre deixar meu ponto de vista bastante evidente. Nunca se sabe quando e de que forma um pensamento deixará de ser somente seu e passará a fazer efeito sob outra pessoa. Então contra o imprevisto, a precaução.

Me despedi da Ana sabendo que em duas semanas nos encontraríamos na reunião da ABPK, em São Paulo, e que em setembro veria os baianos novamente no EBAPK (Encontro Baiano de Parkour).


sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Vivendo de Aprendizados




Os meus últimos meses foram regados a muito aprendizado e em todos os aspectos possíveis da minha vida. Numa das experiências mais importantes do período, consegui sincronizar minhas férias da faculdade com as do trabalho e isso me rendeu um mês inteiro para viajar e dedicar ao meu fortalecimento físico, moral e mental.

Sem perder tempo decidi que iria passar essas férias inteiras viajando (a primeira, de fato, desde que comecei a trabalhar aos 19). Minha peregrinação me levou as cidades de Salvador, São Paulo, Campinas, Guarulhos e Rio de Janeiro, durou 27 dias e me custou de 1000 a 1500, já contabilizando as passagens de ônibus e avião.

São Paulo foi basicamente o meu quartel general, então sempre que voltava de uma outra cidade eu passava alguns dias por lá.

Para fins de recordação, e até para me readaptar a escrever frequentemente no blog, vou tentar escrever pequenos textos sobre minhas percepções e o que aprendi durante cada cidade que visitei. Foram momentos ímpares na minha vida e que com certeza agregaram muito conhecimento em minha caminhada. Tenho muita coisa aqui pra comentar sobre as conversas com Fallux e Ana; o primeiro final de semana em São Paulo que mais parecia um encontro nacional; o churrasco na casa do Guga (Arua); a experiência de ser aluno de Parkour do Zico, Alberto Brandão e dos curitibanos do GAP; como foi dar aulas na Academia Tracer; o final de semana dedicado a primeira reunião presencial com praticamente toda a nova diretoria da ABPK, o período visitando meu irmão, cunhada, sobrinho e tios; uma semana de convívio com o incrível Raxaman; as impressões que ficaram do encontro carioca; a visita não programada para Campinas e Guarulhos; a semana do Art of Motion e, por último, minha volta pra casa e a retomada do cotidiano.

Agradeço muito a todas as pessoas que encontrei nesse período e que colaboraram com esse meu crescimento. Espero que a reciprocidade tenha acontecido e que elas tenham conseguido extrair também algo de bom de mim.

"Aprender! Aprender! Aprender! Aprender!" (Golden Boy)

Hora de passar sebo nesses dedos magros!

Até breve.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Anarchy of Motion - Alguns Esclarecimentos


Eu já tive certezas absolutamente ridículas e ignorantes, como aceitar, por exemplo, aulas pagas ou não de Parkour. Hoje estou em cargo de uma associação estadual que ministra todas as semanas aulas e uma brasileira que vê o assunto com muitos bons olhos.

Acredito que a reflexão interior e o julgamento das atitudes é sempre o melhor caminho para o amadurecimento. E entre as opiniões divergentes a respeito da disseminação de nossa prática no país, aconteceu uma invasão dos praticantes de Parkour ao Art of Motion Brasil 2011.

Inquestionavelmente o protesto não foi realizado de uma forma inteiramente feliz.

Houve falta de mais planejamento e isso resultou na enxurrada de praticantes que invadiram o evento sem nem saber o motivo. Alguns convidados pré-selecionados estavam mascarados por ter um objetivo diferente dos muitos invasores da platéia; estes últimos que viram no ato apenas uma brecha para transgredir a norma e fazer uso da estrutura proibida.

Segregar não é o mesmo de diferenciar. Acredito que o Art of Motion é uma ferramenta ótima e que pode ajudar a concretizar a política do Freeruning. Não valeria a pena entrar mais uma vez no mérito da discussão, mas: O que é feito no Art of Motion não é a mesma coisa que eu pratico todos os dias de minha vida; e ponto.

Dou os meus sinceros parabéns ao Jean Wainer por ter, exaustivamente (e em uma época bastante conturbada), fôlego pra dialogar com a Redbull a favor da comunidade brasileira de Parkour. No início do ano o pedido de apoio ao evento passou por minhas mãos e até os últimos momentos eu estava inteirado dos bastidores: o trabalho que ele fez de consultoria foi de formiga e cavalar.

Em contrapartida, o Zico (um dos idealizadores da invasão) foi insistentemente convidado pela Redbull a ser um dos competidores. Ele recusou todos os convites para a competição e tomou uma postura extremamente bacana: se prontificou a ajudar em tudo que favorecesse o Parkour (e não a competição) e que a Redbull estivesse disposta a fazer.

A Associação Brasileira, da qual sou presidente, desde o mês de junho, por consenso entre seus membros, decidiu não se envolver com o projeto por fugir do campo de atuação e dos valores que ela defende. No máximo, foi feito um manifesto no mês de julho, depois de definido na reunião presencial com a grande maioria dos diretores, no qual a associação se postava contra competições de Parkour (basicamente para nos resguardarmos contra qualquer associação da ABPK com competições de Parkour e que inclusive já estava acontecendo).

Sempre e em todo o momento a assessoria da Redbull se manteve absurdamente interessada em agradar a gregos e troianos. Nunca antes tinha visto uma empresa se importar tanto com o público alvo do evento. Infelizmente a falta de entendimento, de ambos os lados, levou ao que aconteceu durante o Art of Motion.

Qual a causa?

Em um dos acordos com a Redbull ficou acertado que não haveria divulgação do evento como competição de Parkour. Eles se “equivocaram” e logo após publicaram a “competição de Parkour” em seu site, foram solicitados para modificar o texto para não incomodar a comunidade brasileira. Eles corrigiram sim.

Mas para você, honestamente, causa alguma diferença o significado das seguintes frases?

“Uma grande competição de Parkour e Freerunning entre os melhores do mundo no Red Bull Arte do Movimento, no Brasil”.

e

“Os melhores do mundo em free running e parkour virão ao Brasil para o Red Bull Arte do Movimento”.

ou

“Maior evento internacional de freerunning e parkour faz sua estreia no Brasil no Paço das Artes (USP), no dia 13 de agosto”.

Se já havia ficado claro que se tratava de atividades distintas, eu pergunto: alguém já viu uma competição automobilística divulgar que as pessoas que estão vindo para ela são praticantes de outra atividade? Em meu posicionamento profissional como professor de letras ficou bastante óbvia a manipulação de texto e a estratégia de marketing.

Eles conseguem divulgar o evento como campeonato de Parkour da mesma forma.

“Ah, mas eles sempre falaram que seria um EVENTO de Parkour e Freerunning e não uma competição de Parkour”.

Diga-me onde foi que o Parkour teve espaço nesse evento que eu ainda estou zonzo procurando. Ou o que justifica a presença do “Parkour” são os dois caixotes e a barra que eles esconderam debaixo daquela escada?

Possa ser que o evento de Parkour que eles se referiam tenha sido a apresentação de Parkour que foi cancelada no dia anterior. Ou talvez então o evento do Parkour tenha sido a liberação de treinos na estrutura que não ocorreu...

Engraçado que em todos os lugares constavam divulgações do campeonato de alguma-coisa-que-eles-juram-que-não-é-parkour no maior evento internacional de parkour e freerunning. Mas a programação, e o que de fato corresponde ao Parkour, ninguém nunca soube onde se informar ou ter acesso (com exceção de migalhas, divulgada as pressas em comunidades do orkut e passíveis de mudança a qualquer momento).

Isso pra não falar do próprio evento em si. Ouvi tanto “parkour, movimentos e manobras do parkour e parkour e mais parkour” que eu duvido que qualquer pessoa leiga ali presente sequer tenha ouvido “freerunning” alguma vez.

Como já disse antes: SIM, eu separo as coisas e acredito que cada um tem seu espaço! E a Redbull foi instruída desde o início do ano a fazer o mesmo.

Nos bastidores da invasão, invadiriam somente e só: Zico, eu, Edi e Marcello (com convites para mais uma ou duas pessoas). Todos com camisas brancas e com uma máscara com um X na boca. Nos colocaríamos diante da Redbull sem falas: utilizando a movimentação mais utilitária e rápida que pudéssemos realizar. Se os seguranças viessem atrás, eles seriam deixados pra trás. Se os gringos fossem ajudar, iriam ter que nos pegar primeiro. Se os gringos quisessem se aliar à causa, seriam bem vindos. Tudo terminaria tão rápido quanto começou.

Obviamente cogitamos a invasão do público, assim como cogitamos também a possibilidade de sermos presos, de sermos expulsos do evento ou de inúmeras outras variáveis de final. Infelizmente houve sim contratempos. Se era para fazer um bom protesto, podíamos ter desenvolvido a idéia, criado faixas, meios de chamar mais a atenção e mostrar que nem todos concordavam com o que acontecia naquela noite. Nossa intenção era ser a voz de muitos dos amigos presentes e não presentes.

Por motivos avulsos eu não pude fazer parte das demais reuniões (se é que houve). No dia do evento, inclusive, por causa de um outro compromisso, eu havia desistido de acompanhar o AOM (nunca foi prioridade minha ir prestigiar o evento). Cheguei bem mais tarde só que ainda em tempo de ver a invasão acontecer.

Pensei até que já tinham invadido e que o que estava acontecendo no show do emicida era a tal apresentação que foi cancelada no dia anterior.

Não foi algo justo. Não foi algo que passou de fato a mensagem que havíamos elaborado anteriormente e eu não sei quais rumos levaram ao que aconteceu.

Não sei se houve uma grande reunião com todos que entraram na arena. Mas sei que algumas pessoas (os mascarados) estavam ali por motivos justos e defendendo uma causa.

Para eles eu estendo minha mão. Mais ainda pela postura de terem ficado até o final da invasão e, após a descida da enxurrada, sustentarem o protesto de forma unida. Obviamente poderia ter sido muito melhor. Se somente eles tivessem subido, muito melhor ainda.

Mesmo sem ter invadido, eu assumo minha parcela de culpa na organização. E por esse motivo, em honra aos mascarados e aos idealizadores do protesto, escrevo esse texto para esclarecer o que aconteceu e enviarei uma síntese do ocorrido (e os seus motivos) para a direção da RedBull.

Se por conta da confusão não ficou claro o porquê do manifesto, não vejo problema algum em fazer isso diretamente por meio das palavras.

Assino despido de qualquer autoridade. Meu posicionamento contra qualquer coisa que atrapalhe o desenvolvimento do que acredito sempre foi bastante transparente. E acredito que minha postura não seja uma voz única já que encontro os mesmos ideais refletidos em vários amigos com quem caminho junto.

A vocês, meus parabéns!

Eduardo Rocha