Desde uns meses para cá, aprendi
a dedicar um pouco do meu tempo a arte da meditação. Sempre fui bastante
curioso quanto a isso e quais os benefícios reais que ela poderia me trazer.
No início, somente ficava em
silêncio (ou ao menos eu tentava, né?). O problema é que minha mente faz tanto barulho quanto uma
escola de samba! O método que desenvolvi para me silenciar foi desviar toda a
minha atenção para algo único que eu queria ter entendimento e compreender: a
origem de um som, a direção do vento, o contato físico que o meu corpo fazia
com as superfícies a minha volta e assim por diante. Com o tempo aprendi que eu
era capaz de fazer isso mesmo de olho aberto: direcionar minha atenção para o
que eu queria, de fato, enxergar.
Nada de pensar no vazio... Nada de
imaginar campos... E nem de visualizar cores... Isso não funciona comigo. Os
processos de anulação, a meu ver, só funcionam quando você já é bastante
experiente em detectar todos os barulhos mentais que seu cérebro gera. Tendo
conhecimento deles, de onde eles vem e o efeito que causam, aí sim eu vi que eu
seria capaz de aprender a ignorá-los. A atenção exige bastante energia, a
desatenção exige liberação. Os dois processos são bastante complicados de se
assimilar e eu me demorei bastante neles.
O ponto que quero chegar é que,
enfim, eu descobri e desenvolvi uma maneira muito prática de se utilizar o que
aprendi com a meditação. Talvez isso tudo pareça loucura a primeira vista. Confesso que para
mim esta sendo bem confuso também transmitir as sensações em palavras, mas vou tentar fazer
o meu melhor aí embaixo.
Aos poucos, e bem lentamente, eu
percebi que meu estado físico e minha sensação de humor e mental eram gerados
pelo cérebro e “o barulho” da minha mente. Em exemplo para que fique mais
claro: quando você presencia uma injustiça, a raiva que é gerada dentro de você
é unicamente gerada por você. Não foi diretamente a injustiça que provocou sua
sensação. Foi você. Você continua sendo o mesmo de minutos anteriores, o que
muda é a forma como interpreta e encara a informação que recebeu. Dessa forma,
esta, unicamente, dentro de você, a chave para se manter centrado, calmo e
neutro. Não é errado deixar sua mente multiplicar e fazer surgir suas
sensações, mas é previdente e interessante saber que você pode desenvolver certo
controle sobre isso.
Não pense que foi fácil, chegar a
essas conclusões. Muito pelo contrário. Tive que bater minha cabeça na parede
muitas vezes e fiquei furioso e puto em um monte de outras. Mas ao final eu
sinto que fui bem recompensado.
Você já se viu em uma situação em
que, enquanto estava dormindo, um barulho muito grande te acordou? Se sua
sensação for a mesma que a minha, quando isso aconteceu seu corpo saiu do
estado de dormência para o ápice de sua atenção. Dá pra sentir, de imediato, o
gosto do ar e a textura do chão. Pois agradeça aos seus hormônios. A adrenalina e a
serotonina são os principais responsáveis por você adquirir essa rápida
resposta de seus sentidos e a rápida avaliação da situação em que se encontra.
Tudo em questão de centésimos de segundo.
Se chegou até aqui você deve
estar curioso e se perguntando aonde esta a prometida aplicação prática da
meditação que eu afirmei ter encontrado... Acalme-se, gafanhoto, e respire fundo. É que eu
precisava ter certeza de que tem os dados certos para que eu não seja chamado
de louco nos próximos parágrafos (embora não faça nenhuma diferença em mim se isso acontecer).
Eu queria ter algum método de
comprovar cientificamente ou biologicamente, mas eu acho que eu aprendi a
disparar conscientemente a adrenalina e a serotonina no meu corpo. O fato é
que, sempre antes de fazer uma movimentação em que eu esteja um pouco inseguro
ou então que tenha um grau de dificuldade elevado, eu aperto um gatilho com
minha mente. De imediato meu corpo é invadido por uma onda que amplia meus
sentidos, potencializa minha força, canaliza minha atenção e me fornece tudo
aquilo que preciso para concluir minha tarefa com êxito. Isso ficou bastante
claro e mais evidente nos meus treinos de precisão e cat-leaps. Antes de fazer
um que seja arriscado e que me coloque em perigo caso eu falhe, meu corpo sempre
oscila bastante e eu me movo muito no mesmo lugar. Quando disparo esse gatilho,
automaticamente tudo se clareia e surge uma decisão pronta. Meu cérebro dá um
solavanco, minha pupila eu tenho certeza que dilata e a quantidade de
oxigênio no meu sangue e músculos aumenta. Eu sinto isso! Ou então eu criei o
mais eficiente dos efeitos placebos.
Eu já testei esse sistema de
gatilho em outras situações como, por exemplo, cochilo durante um filme. Eu quero
assistir o filme, mas estou caindo de sono. Basta disparar meu kaioken e eu
estou acordado como se o sono não tivesse existido. É como uma lufada de vento
que mandou uma nuvem escura bem pra longe. O mesmo acontece com minha disposição
ao levantar da cama. Basta um comando do meu pensamento e voilá! O arrepio e a
descarga elétrica percorre o meu corpo inteiro e me deixa “ligado e ativo".
Outro fato interessante é que eu
percebi duas coisas:
1 – O efeito é passageiro. Ou
seja, ele somente me concede uma janela de alguns segundos sob essa droga. Se
eu for fazer dois cat-leaps seguidos e que estejam no limiar de minha explosão,
o segundo não terá o “bônus” do meu kaioken.
2 – Existe um intervalo de tempo para
eu soltar outro kaioken. E isso é uma coisa que me dá muita raiva porque a
sensação é muito boa aí eu tento de novo e fico no vácuo... Quase dá pra ouvir
uma risada maligna do meu cérebro dizendo: “Se fudeu otário, tem que encher a
barrinha completa se quiser outro”.
Eu tô rindo nesse momento e sem
acreditar que eu consegui escrever sobre isso. É quase 5 da manhã e eu estava
justamente meditando nesta madrugada quando me veio a ideia de escrever esse
processo todo. Eu já estava na cama e tive que disparar meu kaioken para me
levantar dela e vir ao computador. Espero que tenha valido a pena.
Eu sou um noviço na arte da meditação, mas se tenho um conselho que posso dar é: reserve sempre um tempo para você e sua mente. Quem sabe você não aprende algo tão legal como aconteceu comigo?
Eu sou um noviço na arte da meditação, mas se tenho um conselho que posso dar é: reserve sempre um tempo para você e sua mente. Quem sabe você não aprende algo tão legal como aconteceu comigo?
*Kaioken é o nome de uma técnica desenvolvida pelo personagem Goku, da série Dragon Ball, onde ele é capaz de com uma explosão ao seu comando multiplicar o seu nível de luta durante certo período de tempo.