Já vou começar dizendo que não sou cagão e muito menos psicótico com falhas.
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Tá... eu menti um pouquinho.
Digamos que eu tenho aprendido a ser menos medroso e menos complexado com erros.
Ainda não sei aonde quero chegar com essa postagem, mas vou escrever o que pipocar na minha mente; quem sabe assim eu entenda melhor o que de fato anda me incomodando.
Muita gente já sabe que minha base de força, flexibilidade, velocidade foi lapidada durante 6 anos com a ginástica olímpica. Lá, aprendi a confiar cegamente no meu corpo; a ter noção espacial; aprendi que uma vez aprimorada uma valência física, você conseguirá utilizá-la instintivamente; e outras 'cositas mas' como andar de cabeça pra baixo e que salto sobre o cavalo causa terríveis canelite.
Voltando ao meu foco...
Eu só quero falar do "confiar cegamente no meu corpo".
Se você não for extraterrestre vai saber que isso é uma mão na roda pra qualquer atividade esportiva. Eu sou capaz de entender minha atual condição física e determinar se meu objetivo tem chance de ser atingido ou não com sucesso naquele momento.
Inclusive muitas vezes quando minha mente falha:
"Puta que pariu isso vai ser foda e eu não vou conseguir!".
Meu corpo automaticamente parte pro ataque:
"Eu já tenho a força, a explosão e a flexibilidade... Porra! Arrisque que eu faço minha parte!".
O problema todo é que minha mente e corpo dialogam DENTRO DE MIM! E o que devo fazer quando o meio externo interfere nessa comunicação?
Deixa explicar...
Eu treino parkour.
Uma atividade onde brinco de quebra-cabeça com o ambiente ao redor. Eu estruturo uma figura (trajeto mental), escolho as melhores peças (obstáculos reais) e inicio a ação (trajeto físico).
O trajeto mental e o físico muitas vezes diferem um do outro. Eu imagino que vou realizar determinada ação, mas o meu corpo dá uma de maluco e responde ao obstáculo de forma diferente. Quando me dou conta do que fiz, eu já tô lá na frente... fazendo outra coisa.
A escolha das peças que montarão a minha imagem é que me causam dor de cabeça.
Sei que sou capaz de escalar um muro de 3 metros de altura. Mas e se a borda daquela desgraça estiver solta? E se a galha em que eu me pendurar estiver oca e me deixar cair?
E se... e se... e se?
O obstáculo real está lá independente do que meu corpo é capaz de fazer ou do que a minha mente é capaz de maquinar. Se eu acertar tudo e o meio não fizer a parte dele... eu me fodo! Não tem colchão pra me segurar.
Muitas vezes eu não tenho essa confiança cega em mim, porque justamente não depende só de mim! Aí sabe o que eu faço? Pareço uma patricinha em liquidação de shopping: Checo falha por falha, textura por textura, os defeitos de fabricação...
Eu treino muito com o Edi de Maceió.
Tudo bem que ele é um doente mental. Pensa pouco e age muito. Já eu, só consigo agir muito depois de pensar muito.
Eu preciso entender que nem sempre posso ter o controle total da situação. Orientar meu corpo a lidar com o imprevisto.
Eu me sinto o pior dos amigos por já ter deixado minhas desconfianças e falhas respingar no Edi. Na última viagem pra Recife havia um sdc cat-leap bem perigoso, com inúmeros fatores que poderiam induzir ao erro. Mas o vagabundo tava confiante e CATAPUM! FEZ.
Eu, abestalhado, ao invés de encorajá-lo, só sabia dizer:
"Você checou o corrimão? A pegada tá firme? A borda escorrega?"
Não que eu me preocupe com ele...
É que se ele morresse a gente estaria em outro estado e isso estragaria minha viagem.
É incrivel... huauhauhuhauhauhauha!
Até em locais que treino semanalmente, eu costumo checar as pegadas, as texturas e os locais de aterrisagem a cada treino.
Claro que muita gente vai dizer que estou certo em fazer isso. E que muitos são inconsequentes enquanto treinam justamente por não fazer o mesmo. Mas é extremamente chato você depender de checks-in para adquirir confiança em seu potencial.
Vou anotar aqui na minha agenda:
"Largue de tanta frescura pois se existe um deus no céu, ele não conspira pra que você caia!".
Vamo que vamo!
5 comentários:
eu te entendo duddu !
mas vc ta conseguindo vencer o vicio do colchao azul ! tenho notado diferenças =)
e duente mental eh sua mae =x
nao a sua mae, mae ... mas ... ah vc entendeu =D
:*
[George aqui]
Pois é, o vício viciante vicia o viciado =\
Essa 'falha' e falta de segurança não são meramente uma frescura e talz, acredito que seja mais um obstáculo que nós temos que ultrapassar com a cabeça erguida e confiança...
E, em relação a problema, o negócio é superar mesmo. Até porque em um momento de real necessidade de utilizar seu corpo para transcorrer determinado percurso, não será possível fazer essas inquirições minuciosamente, não é?
Mas você é um gigante e esse empecilho, assim como os muitos que ainda virão, logo serão apenas uma lembrança do crédito de todo seu esforço para com o Parkour.
Boa sorte e o blog tá ownando geral x]
begos =*
Porra.. Se taca, lelesk...
jaheajheajhea..
zuera..
Como vc disse, acho corretíssimo que se preocupe com a segurança antes de executar os arriscados movimentos envolvidos em nossa prática..
Esse seu ritual, certamente, promove uma concentração e construção, passo a passo, do estado de espírito necessário para vc realizar a tarefa.
Acho muito válida sua postura e seu post.
Sempre afirmamos que a atividade é pra vc e pra vc apenas.. faça as coisas no seu limite, não no dos outros, pois não trata-se de uma competição.
Então, adote esse elemento e desencane.
As vezes alguém consegue alcançar esse estado mais rapidamente que vc, e isso é natural, cada um é cada um.
O conselho de sempre, ainda é válido. Ou seja, faça as coisas no seu tempo e não ligue para o qu os outros estão fazendo.
Bons treinos guri, até breve.
Bruno Rachacuca.
Isso está acontecendo comigo frequentemente, não sei se é bom ou ruim.
Penso assim: Na hora que eu precisar usar o Parkour em alguma fuga, sei lá...
Não vou poder conferir o obstaculo na hora! Por isso tenho que treinar várias tecnicas de "proteção"
Se a borda do muro quebrar, como vou cair? ae já penso em um movimento pra me livrar da queda.
Bjo!
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